19 de setembro de 2009

Estou com uma vontade enorme...


























...de IR e nem sei bem para onde!

Da verdade...

E se não foi amor...



Deste-nos o teu Fado, as tuas origens, a tua Lisboa. Trazes o mundo na alma e a vida inteira no teu sorriso. Cantas como és, autêntica, e comparar-te a quem quer que seja seria retirar-te genuinidade. Serás o que quiseres ser, mas jamais deixes de cantar.

Obrigada por teres levado Lisboa ao Parque e por me teres emocionado, uma vez mais!

17 de setembro de 2009

Para voltar a acumular de novo...

Vamos fazer limpeza, mas geral
e vamos deitar fora as coisas todas
que não nos servem para nada, essas
coisas que não usamos já e essas
que nada fazem mais que apanhar pó,
as que evitamos encontrar porquanto
nos trazem as lembranças mais amargas,
as que nos fazem mal, enchem espaço
ou não quisemos nunca ter por perto.
Vamos fazer limpeza, mas geral,
talvez melhor ainda uma mudança
que nos permita abandonar as coisas
sem sequer lhes tocar, sem nos sujarmos,
que fiquem onde sempre têm estado;
vamos embora só nós, vida minha,
para voltar a acumular de novo.
Ou vamos deitar fogo ao que nos cerca
e ficarmos em paz com essa imagem
do braseiro do mundo face aos olhos
e com o coração desabitado.

- Amalia Bautista -

Os degraus que subo...

Areia pisada,

areia dorida,

areia beijada,

areia batida,

areia doirada,

areia estendida,

areia rolada,

rolada na vida.

 

Frescura abraçada

ao mar que se vai,

e os braços crispados

pregados num ai.

E a areia rolada

nos olhos profundos,

e as matas de sombra

ao fundo dos mundos…

 

E o paço de pedra

Erguido no espaço

e as capelas tristes

que perco e abraço…

 

E o sonho do vento,

que gela e que deixa,

e a voz que ergo e calo

e é vida e é queixa…

 

Os degraus que subo

e são mais que cem,

e os cisnes vogando

nos lagos de além…

 

E as estradas brandas

onde correm fontes,

e as moças que sonham

sem verem os montes…

 

E os bancos abertos

aos corpos cansados,

e a chuva da tarde

nos parques molhados…

 

E os riscos de luz

que bordam o Céu,

e a cortina branca

que ao Sol me escondeu…

 

E os quartos alheios

que giram à roda,

e as vozes na estrada

que me tolhem toda…

 

E eu dentro de um sonho

suspensa e vibrante

- areia beijada num mar mais distante –

e rica e mais longa,

e presa e mais livre

- sem mal e sem vida…

 

Areia doirada,

areia estendida,

areia rolada,

rolada na vida!


- Natércia Freire -

Summer day...



... being Angel!

A nossa mascote adora chapéus, carteiras, sacos e bolsinhas. É capaz de passar um dia inteiro, em animadas brincadeiras, sempre de carteirinha ao ombro e sem perder a posse. Tem 15 meses e vai-nos dar muito que fazer!

16 de setembro de 2009

Ary & Tordo 2

Minha laranja amarga e doce
Meu poema feito de gomos de saudade
Minha pena pesada e leve
Secreta e pura
Minha passagem para o breve
Breve instante da loucura
Minha ousadia, meu galope, minha rédia,
Meu potro doido, minha chama,
Minha réstia de luz intensa, de voz aberta
Minha denúncia do que pensa
Do que sente a gente certa
Em ti respiro, em ti eu provo
Por ti consigo esta força que de novo
Em ti persigo, em ti percorro
Cavalo à solta pela margem do teu corpo
Minha alegria, minha amargura,
Minha coragem de correr contra a ternura
Minha laranja amarga e doce
Minha espada, meu poema feito de dois gumes
Tudo ou nada
Por ti renego, por ti aceito
Este corcel que não sussego
À desfilada no meu peito
Por isso digo canção castigo
Amêndoa, travo, corpo, alma
Amante, amigo
Por isso canto, por isso digo
Alpendre, casa, cama, arca do meu trigo
Minha alegria, minha amargura
Minha coragem de correr contra a ternura
Minha ousadia, minha aventura
Minha coragem de correr contra a ternura

- Cavalo à solta, de Ary dos Santos, na voz de Fernando Tordo -

Ary & Tordo 1

Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia
Eu esperava por ti, tu não vinhas, tardavas e eu entardecia
Era tarde, tão tarde, que a boca, tardando-lhe o beijo, mordia
Quando à boca da noite surgiste na tarde tal rosa tardia

Quando nós nos olhámos tardámos no beijo que a boca pedia
E na tarde ficámos unidos ardendo na luz que morria
Em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia
Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia

Meu amor, meu amor
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Se tu és a alegria ou se és a tristeza
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza

Foi a noite mais bela de todas as noites que me adormeceram
Dos nocturnos silêncios que à noite de aromas e beijos se encheram
Foi a noite em que os nossos dois corpos cansados não adormeceram
E da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram

Foram noites e noites que numa só noite nos aconteceram
Era o dia da noite de todas as noites que nos precederam
Era a noite mais clara daqueles que à noite amando se deram
E entre os braços da noite de tanto se amarem, vivendo morreram

Eu não sei, meu amor, se o que digo é ternura, se é riso, se é pranto
É por ti que adormeço e acordo e acordado recordo no canto
Essa tarde em que tarde surgiste dum triste e profundo recanto
Essa noite em que cedo nasceste despida de mágoa e de espanto

Meu amor, nunca é tarde nem cedo para quem se quer tanto.

- Estrela da tarde, de Ary dos Santos, na voz de Fernando Tordo -

Always!!!

Nesse extremo és sagrado...

Votada ao fogo obediente ao perigo
feroz do amor ser muito e o tempo pouco,
Chegas ébrio de sonho, ó estranho amigo
E eu não sei se por mim és anjo ou louco.
 
Num beijo infindo queres morrer comigo.
Nesse extremo és sagrado e eu não te toco.
Esquivo-me: o teu sonho mais instigo.
Fujo-te: a tua chama mais provoco.
 
A incêndio do teu sangue me condenas
E com ciumentas ervas te envenenas
Dizendo às nuvens que só tu me viste.
 
Bebendo o vinho de amantes mortos queres
Que eu seja a mais prateada das mulheres.
E de ser tão amada eu fico triste.

- Natália Correia -
 

As sombras têm exaustiva vida própria...

Faz-se luz pelo processo 
de eliminação de sombras 
Ora as sombras existem 
as sombras têm exaustiva vida própria 
não dum e doutro lado da luz mas no próprio seio dela 
intensamente amantes    loucamente amadas 
e espalham pelo chão braços de luz cinzenta 
que se introduzem pelo bico nos olhos do homem 

Por outro lado a sombra dita a luz 
não ilumina    realmente    os objectos 
os objectos vivem às escuras 
numa perpétua aurora surrealista 
com a qual não podemos contactar 
senão como amantes 
de olhos fechados 
e lâmpadas nos dedos    e na boca 


- Mário Cesariny -

14 de setembro de 2009

A garden of your going...

I made a house of houselessness, 
A garden of your going: 
And seven trees of seven wounds 
You gave me, all unknowing: 
I made a feast of golden grief 
That you so lordly left me, 
I made a bed of all the smiles 
Whereof your lip bereft me: 
I made a sun of your delay, 
Your daily loss, his setting: 
I made a wall of all your words 
And a lock of your forgetting. 

- Rose O'Neill -

Em repeat...













... na minha cabeça, tipo mantra!

Sonham para sempre a eternidade que se lhes nega...

Dos cuerpos que se acercan y crecen 
y penetran en la noche de su piel y su sexo, 
dos oscuridades enlazadas 
que inventan en la sombra su origen y sus dioses, 
que dan nombre, rostro a la soledad, 
desafían a la muerte porque se saben muertos, 
derrotan a la vida porque son su presencia. 
Frente a la vida sí, frente a la muerte, 
dos cuerpos imponen realidad a los gestos, 
brazos, muslos, húmeda tierra, 
viento de llamas, estanque de cenizas. 

Frente a la vida sí, frente a la muerte, 
dos cuerpos han conjurado tercamente al tiempo, 
construyen la eternidad que se les niega, 
sueñan para siempre el sueño que les sueña. 
Su noche se repite en un espejo negro.

- Juan Luis Panero -

13 de setembro de 2009

A invenção dos teus braços...



(...)
contra ele meu amor a invenção do teu sexo
único arco de todas as cores dos triunfos humanos
contra ele meu amor a invenção dos teus braços
maravilha longínqua obscura inexpugnável rodeada de água por
todos os lados estéreis
contra ele meu amor a sombra que fazemos
no aqueduto grande do meu peito o mar

- Mário Cesariny -


Journal Chic