11 de dezembro de 2008

Como eles crescem,meu Deus!!! (3)

Será sempre o meu bebé pantomineiro.


Desde que nasceu que ri com a mesma facilidade com que chora e cedo nos apercebemos que era completamente diferente do irmão. Para ele a vida é um desafio constante, é destemido, mas já vai conhecendo os seus limites e é das criaturas mais desbocadas que eu conheço! 
Foi buscar à madrinha, sobretudo, a paixão e o vício do cafézinho, para além de uma série de outras benções... é um artista, em toda a acepção da palavra.


Possui um olhar atento e perspicaz sobre tudo o que o rodeia, gosta de debates acessos e inteligentes e argumenta como ninguém. Discute política, economia, as playlists da MTV e filatelismo, se for preciso, mesmo não percebendo patavina do assunto. 

É de raciocínio rápido e está sempre em cima dos acontecimentos, mesmo que a preguiçar deitado no sofá. Acha que a Filosofia não passa de senso comum, por isso não é preciso estudar e é capaz de enfrentar um teste sem ter aberto um único livro. Mas lá se vai safando, o safado!
Era o desterro das aulas de Religião e Moral e o auto-intitulado ateu ganhou finalmente a liberdade este ano, ao enfrentar o ensino público e laico.

Desde pequeno que me faz rir à gargalhada e é sempre uma óptima companhia e um grande compincha. Tem um humor inteligente e refinado, como o irmão aliás, embora ligeiramente diferentes e é capaz de encher e iluminar uma sala apenas com a sua presença.
Está tão crescido, que a barba já começa a picar naquela carinha de puto reguila!

Quer ser arquitecto e eu sei que o será, se assim realmente o desejar, ou outra coisa qualquer, caso venha a mudar de ideias. Capacidades tem de sobra! A priminha mais velha estará sempre por perto para o ver crescer, puxar as orelhas quando for preciso e elogiar sempre que for o caso, sem nunca deixar de ter um enorme orgulho neste seu mais que tudo.
Ah!, e faz umas óptimas massagens quando está bem-disposto e para aí virado!

10 de dezembro de 2008

Como eles crescem,meu Deus!!! (2)


Será sempre a minha Pequenina.


No dia em que nos abraçamos pela primeira vez após muitos anos de desencontros, naquela já mítica estação de Coimbra B, foi como se o mundo parasse por instantes de girar, apenas para melhor poder registar aquele momento.


É tão minha irmã que até irrita! Somos parecidas em tudo, até naquilo em que não temos nada a ver uma com a outra. Vemos a vida pelo mesmo prisma e sentimos as coisas como se pudéssemos por instantes experienciar ser a outra, sem nunca deixarmos de ser nós mesmas. 

Não deixa de ser estranho e por isso mesmo damos por nós às vezes a dizer oh...nem vale a pena falar, tu já sabes o que eu vou dizer ou, quando nos picamos uma à outra por sabermos exactamente onde e como o fazer (o que nos diverte e irrita ao mesmo tempo!) e de repente nos saímos com um vai-te lixar!. Adoro quando é ela a dizê-lo e a expressão do rosto que sempre faz a seguir diverte-me e emociona-me ao mesmo tempo.

Sei que será na vida aquilo que se propuser a ser, sempre com o mesmo entusiasmo que dedica àquilo que gosta e a faz feliz. 
Está tão crescida, que no outro dia se virou para mim e para a mãe dela (a nossa Mamã de Lisboa) e com uma enorme certeza de si mesma nos dispara um voçês não conseguem acompanhar o meu crescimento intelectual!. O pior é que não conseguimos mesmo, agora que ganhou asas e traça o seu próprio vôo.

É outro dos tesouros que a vida me ofereceu e o orgulho da mana cota, que estará sempre por perto para a aplaudir nos sucessos e apoiar nos fracassos. 
Não poderia ter desejado uma mana mais protectora, mais conhecedora de mim do que eu própria, mais atenta e mais emocionante do que my person.

9 de dezembro de 2008

Como eles crescem,meu Deus!!! (1)


Será sempre o meu menino.


No dia em que nasceu, com apenas algumas horas de vida, agarrou-se ao meu dedo como se disso dependesse a existência de ambos. Para mim foi amor à primeira vista, completamente embebecida debruçada sobre o berço. 
Não, minto! Eu amei-o no dia em que soube que vinha a caminho e anseei-o quase como se de um filho se tratasse.


Há quem diga que tem um feitio demasiado parecido com o meu - infelizmente, acrescentam sempre baixinho. 
Eu percebo-os! Pessoas como nós sofrem de maneira diferente (não diria que sofremos mais, apenas de uma forma mais complexa), somos mais sensíveis, mais complicados, mais exigentes connosco próprios. Contudo, temos o privilégio de ver a vida com outros olhos, quase sempre olhamos para as coisas como se fosse a primeira vez e isso confere-nos uma certa inocência  ao olhar. Inocência, não ingenuidade! 

Percebo nele algumas carecterísticas e gostos que também vejo em mim. Gosto de pensar que tive alguma coisa a ver com isso, como se as horas que passei com ele a ver filmes, todas as brincadeiras que inventei para o entreter, tudo o que lhe disse desde o dia em que o tive no meu colo pela primeira vez o tivessem de alguma forma moldado e influenciado. 

Agora já não tem medo do escuro nem de ver o E.T. . Terá outras coisas que o atormentam e o fazem acordar durante a noite. 
Está crescido, um arrasa-corações de sorriso enigmático que faz as meninas ficarem com o coração aos pulos. 

Tem pinta e jeito de artista, com capacidades para fazer e ser o que quiser nesta vida. Tenho a certeza de que encontrará o seu caminho, sempre! 
Eu cá estarei na primeira fila a vê-lo crescer ainda mais, com os olhos cheios de lágrimas e completamente embebecida e cheia de orgulho, como desde aquele primeiro dia da vida dele, há quase 18 anos.

8 de dezembro de 2008

Na infinita dispersão do meu ser...

Pergunta-me
se ainda és o meu fogo
se acendes ainda
o minuto de cinza
se despertas
a ave magoada
que se queda
na árvore do meu sangue

Pergunta-me
se o vento não traz nada
se o vento tudo arrasta
se na quietude do lago
repousaram a fúria
e o tropel de mil cavalos

Pergunta-me
se te voltei a encontrar
de todas as vezes que me detive
junto das pontes enevoadas
e se eras tu
quem eu via
na infinita dispersão do meu ser
se eras tu
que reunias pedaços do meu poema
reconstruindo
a folha rasgada
na minha mão descrente

Qualquer coisa
pergunta-me qualquer coisa
uma tolice
um mistério indecifrável
simplesmente
para que eu saiba
que queres ainda saber
para que mesmo sem te responder
saibas o que te quero dizer

- Mia Couto, in Raiz de Orvalho e Outros Poemas -

Bombom...de Chocolate!


- Maria João & Mário Laginha, in Chocolate -


I've grown accustomed to his face
he almost makes the day begin
I've grown accustomed
to the tune that he whistles night and noon
his smiles, his frowns
his ups, his downs
are second nature to me now
like breathing in and breathing out

I was serenely independent
and content before we met
surely I could always be that way again
and yet, I've grown accustomed to his look
accustomed to his voice
accustomed to his face

I'm so used to hearing him say
'good morning,' every day
his joys, his woes
his highs, his lows
are second nature to me now
like breathing in and breathing out

I'm very grateful he's a man and so easy to forget
rather like a habit one can always break
and yet, I've grown accustomed
to the trace of something in the air

accustomed to his face...